terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Baile do Arco-íris - Dignidade a comunidade LGBTT de São Borja


Foto Lilian Machado
Foto Lilian Machado
A muito tempo discutimos sobre esse acesso, essa liberdade de poder ser o que de fato somos, no dia 27 de janeiro adentramos mais uma vez um dos clubes da nossa cidade de cabeça erguida e agora não mais como transgressores do espaço, mas como convidados especiais. É emocionante vir aqui nesse momento relatar, como fazer isso, a festa estava linda, perfeita e bem organizada, de fato não temos o que reclamar da organização, que com precisão de um artista de jóias preocupou-se com a beleza e a riqueza dos detalhes.

Mas mais que a festa proporcionada a comunidade LGBTT de São Borja, mais que o Glamour da noite feita especialmente a comunidade, fica a sensação da vitória, da caminhada reconhecida e do resultado de um esforço de mais de 4 anos da ONG e criar espaços, dar visibilidade e mostrar que a comunidade LGBTT de nossa cidade existe, está presente em todos os eventos e merecia ser nesse momento favorecida com essa regalia que não é um presente e sim um DIREITO.

Estamos encantados, com a beleza que foi demostrada nesse espaço, beleza dos participantes da comunidade em demostrar que ser homossexual, não é ser apenas ligado a "sexo ou drogas" e muito menos a "doenças e vagabundagem", somos homossexuais, somos artistas de nossa história e por ela todos os dias adentramos no palco da vida e representamos os papéis sociais que a nós são solicitados.

Viver é uma arte que necessita de ousadia, desapego, irreverencia, felicidade, originalidade e luta diária em busca de melhorias para nossa vida em comunidade. Estamos aqui demostrando que a vida é sim uma festa, e sempre temos que estar preparados para ela, o Baile do Arco-íris demostrou mais uma vez que se unirmos forças poderemos alcançar a felicidade plena. Mais uma vez agradeço as organizadoras do Evento, mas principalmente a comunidade LGBTT da nossa cidade que nunca em momento algum, mesmo separados, nunca distanciaram-se do objetivo de mostrar que existimos e merecemos RESPEITO!!!

Escrito por Lins Roballo

Professora
Assistente Social
Mestranda em Ciências Sociais












Visibilidade Trans - Transformando espaços e mostrando-se ao mundo.


        Pretende-se visibilizar o que com o dia da "visibilidade trans"? deve ser a pergunta que paira pelo ar ao perceber uma enorme campanha nas redes sociais em pról a campanha da visibilidade "trans" no nosso país. O dia em pauta,preconiza as discussões acerca dos direitos de inserção na educação, mercado de trabalho formal e a presença de forma sistemática das "pessoas trans".

      Mas o que seriam "pessoas Trans"? Pessoas trans são aquelas que de alguma forma transgridem a ordenação heterossexual, não se encaixando também na ordem homossexual, são pessoas que não seguem parâmetros ordenados pelo sexo, e sim pelo gênero, cria-se com isso a Transgênero, que é mais popularmente reconhecida como "Travesti", porém a transgênero vai além de apenas usar roupas do sexo oposto ao seu, usa de intervenções cirúrgicas para aproximarem-se cada vez mais a imagem do sexo oposto ao seu, sem mudar de sexo.

     A transexual, é aquele que sente-se desconfortável com o sexo biológico e por tanto necessita de uma readequação sexual, onde o mesmo então é cirurgicamente mudado, os transexuais "femininos", que nasceram biologicamente meninos, podem solicitar a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde - SUS, tem que participar de um processo de triagem e depois de 2 anos de acompanhamento social do hospital é encaminhado a cirurgia. Os Transexuais "masculinos", as os meninos que nasceram biologicamente meninas, devem solicitar primeiro a cirurgia de mastectomia, que seria a retirada dos seios, e depois então a readequação sexual, sendo que para esses casos o SUS ainda não disponibiliza em sua grade de cirurgias gratuitamente.

    A visibilidade discutida nesta data é de suma importância, pois as pessoas trans, habitam o cotidiano social de inúmeras cidades ocupando inúmeros cargos, porém, grande parte dessas pessoas vivem as margens da sociedade, sobrevivendo do corpo, como garotas de programa, e em outras situações mais alarmantes em estado de total abandono, exite no país toda uma preocupação com a inserção e proteção dos homossexuais, havendo nesse caso um certo abandono da modalidade trans nessas solicitações.

   Uma das grandes preocupações da comunidade trans é com o uso do nome social, indo mais além, solicitando a troca imediata do nome "masculino ou feminino", pelo nome que condiz com a materialização da imagem social do individuo, podendo com isso evitar inúmeras situações vexatórias e humilhantes a essas pessoas. Essas reivindicações parecem desnecessárias socialmente para quem não vive 24h com a imagem feminina e o nome masculino por exemplo, causando transtorno na vida social e cotidiana da pessoa, que muitas vezes desiste do estudo, do trabalho e da vida social com os demais.

     Quando discutimos a visibilidade estamos dando um passo adiante na tomada de direitos sociais a uma comunidade que pouco consegue sem encaixar-se na comunidade homossexual, mesmo muitas vezes não participando do mesmo conceito social, dar visibilidade a essa comunidade trans, é possibilitar que a mesma seja vista, discutida e melhor aceita, é possibilitar que com o passar do tempo possa cada vez mais estar sendo beneficiada com direitos que possam não só proteger as pessoas trans, mas dar-lhes direitos de acesso e permanência em lugares antes proibidos.


Escrito por Lins Roballo

Professora
Assistente Social
Mestranda em Ciências Sociais





quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Escolha da Rainha Gay do Carnaval de São Borja.

Mais uma conquista de nossa ONG no combate a homofobia, divulgação da comunidade LGBTT em São Borja, estamos todos muito felizes de poder estar ajudando a melhorar um pouco no processo de ruptura com a discriminação da nossa cidade, possibilitando o bem estar de toda a nossa comunidade, é com imensa satisfação que convidamos a todos para participarem do evento intitulado "Baile do arco-íris" que está sendo organizado pela Prefeitura Municipal de São Borja, com o apoio da ONG, onde estaremos escolhendo oficialmente a primeira "Rainha do Carnaval Gay de São Borja", esse que é um marco para a nossa cidade e para a nossa gente. Sempre lembrando que a entrada é franca, irá ter um show especial com a belíssima trans Rakel Rodrigues, que é Miss Trans Internacional 2011, a bela presença de Carla Araújo, Miss Diversidade Trans 2011 e claro toda a alegria e a irreverencia da comunidade GLBTT, a festa rola depois da escolha com o DJ Bolinha. Esperamos todos vocês.

Feito pela ONG
Folder feito pela ONG para divulgação nas redes sociais


Folder feito pela ONG para divulgação do show no evento
(na foto Rakel Rodrigues, Miss Trans Internacional 2011)
 

Folder oficial confeccionada pela Secretaria de Cultura e eventos de São Borja
para ser enviado a personalidades da nossa cidade.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Preconceito social faz famílias afegãs criarem meninas como meninos

Atualizado em  19 de janeiro, 2012

Garota Mehrnoush (dir.) vive uma vida
diferente de suas irmãs
Quando Azita Rafhat, uma ex-parlamentar afegã, prepara as suas filhas para a escola de manhã, ela veste uma delas de forma diferente.

Três meninas usam roupas brancas e cobrem seus rostos com véus. Mas Mehrnoush, a quarta menina, veste terno e gravata. Na rua, Mehrnoush não é mais uma menina, e sim um rapaz chamado Mehran.

Azita Rafhat não teve filhos homens, e para evitar as provocações que famílias assim sofrem no Afeganistão, ela tomou a decisão radical de mudar a criação de Mehrnoush.

Esse tipo de atitude não é incomum no país. Existe até mesmo um termo – Bacha Posh – para meninas que são vestidas como garotos.

"Mesmo que você tenha uma boa posição no Afeganistão e está bem de vida, as pessoas veem você de forma diferente (se não tiver um filho homem). Elas dizem que a sua vida só é completa se você tem um filho", diz Azita.

Sempre houve preferência por meninos no Afeganistão, por motivos tanto econômicos quanto sociais.

O seu marido, Ezatullah, acredita que ter um filho é um sinal de prestígio e honra.

"As pessoas que nos visitavam sempre diziam: 'Oh, lamentamos que vocês não têm um filho.' Então imaginamos que seria uma boa ideia vestir nossa filha assim, já que ela também queria."

Economia

Muitas meninas vestidas de rapazes andam pelas ruas no Afeganistão. Algumas famílias optam por esse caminho para permitir que elas consigam empregos em lugares públicos, como em mercados, já que mulheres não podem trabalhar na rua.

Em alguns mercados de Cabul, um grupo de meninas, com idade entre cinco e 12 anos, se apresenta como meninos e vende água e chiclete. No entanto, nenhuma quis dar entrevista sobre o assunto.

A tradição não dura por toda a vida. Aos 17 ou 18 anos, as jovens voltam a assumir uma identidade feminina. Mas essa mudança não é nada simples.

Elaha mora em Mazar-e-Sharif, no norte do Afeganistão. Ela viveu como menino por 20 anos, porque sua família não tinha filhos homens. Apenas há dois anos, quando entrou na universidade, é que ela passou a se vestir como mulher.
Elaha passou anos vivendo como menino,
mas na universidade voltou a se vestir como mulher

No entanto, ela ainda não se sente totalmente feminina. Alguns de seus hábitos não são típicos de garotas, e ela diz que não pretende se casar.

"Quando eu era criança, meus pais me vestiam de menino porque eu não tinha um irmão. Até recentemente, vivendo como menino, eu saia para brincar com outros garotos e tinha mais liberdade."

Contra sua própria vontade, ela voltou a viver como mulher, e diz que só aceitou voltar porque se trata de uma tradição social. No entanto, ela se diz revoltada com a forma como as mulheres são tratadas pelos seus maridos no Afeganistão.

"Às vezes, eu tenho vontade de me casar e bater no meu marido, só para compensar a forma como as outras mulheres são tratadas em casa."

História comum

Atiqullah Ansari, diretor da famosa mesquita de Mazar-e Sharif, diz que a tradição é parte de um apelo que se faz a Deus.

As famílias que não têm filhos homens vestem as meninas assim como forma de pedir a Deus por um bebê homem.

Mães que não têm filhos homens visitam o templo de Hazrat-e Ali para fazer o pedido a Deus.

Ansari conta que de acordo com o Islã, as meninas que vivem como garotos precisam cobrir o rosto quando amadurecem.

No Afeganistão, histórias assim têm se tornado cada vez mais comuns. É comum pessoas conhecerem parentes ou vizinhos que já passaram por isso.
Fariba Majid conta que sua infância 
'de garoto' a ajudou a ganhar confiança
Fariba Majid, que dirige o Departamento de Direitos da Mulher da Província de Balkh, diz que ela própria já passou por isso, e quando era criança era chamada pelo nome masculino de Wahid.

"Eu era a terceira filha na minha família, e quando nasci, meus pais decidiram me vestir de menino", afirma.

"Eu podia trabalhar com meu pai em sua loja ou até mesmo ir para Cabul para comprar coisas para a loja."

Ela disse que a experiência a ajudou a ganhar confiança e permitiu que ela chegasse onde está hoje.

Segredo

A própria ex-parlamentar Azita Rafhat, mãe de Mehrnoush, também já passou por isso.

"Deixe-me contar um segredo", ela afirma. "Quando eu era criança, eu vivi como garoto e trabalhava com meu pai. Eu tive a experiência tanto do mundo masculino quanto feminino, e isso me ajudou a seguir uma carreira com ambição."

A tradição existe a séculos no Afeganistão. De acordo com o sociólogo Daud Rawish, de Cabul, isso pode ter começado durante períodos de guerra no passado, quando mulheres eram vestidas de homens para poderem ajudar a combater os inimigos.

Mas nem todos toleram esse tipo de tradição. O diretor da Comissão de Direitos Humanos da Província de Balkh, Qazi Sayed Mohammad Sami, disse que a prática é uma violação de direitos fundamentais.

"Nós não podemos mudar o gênero de alguém só por um tempo. Isso é contra a humanidade", afirma ele.

A tradição teve efeitos devastadores em algumas meninas, que sentem um conflito de identidades e acreditam ter perdido parte fundamental de suas infâncias.

Para outras, a experiência foi positiva, já que elas tiveram liberdades que nunca exerceriam, caso tivessem sido criadas apenas como garotas.



segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Sou uma Trans...

por Thalia Kaminsch

Thalia Kaminsch
Sou delicada como uma mulher e forte como um homem para enfrentar todos desafios. Sou a garota sentada na calçada do colégio esperando o namorado, sou a garota que luta para ser aceita. Sou o garoto que brinca com bonecas e também sou a boneca. Tenho a suavidade para ser forte. Tenho a coragem de ser quem eu sou. Tenho a coragem de um rei e o glamour de uma rainha. Tenho a biologia de um macho e a identidade de uma fêmea. Eu sou a rosa, eu sou os espinhos.

E vocês podem pensar o que quiserem de mim. Vocês podem me odiar por me vestir de mulher. Me hormonizar e dar ao meu corpo o formato da minha alma. Podem me abominar pela minha forma de ser. Mas eu não uso máscaras e muito menos mudo meus conceitos para receber risos. Mas se quiserem, permito que riam de mim, porque eu estou mais ocupada em viver. A única coisa que eu quero é ser quem sou, eu mesma. Sou feliz assim e nem ligo para o que você julga. Afinal se ligasse teria que te chamar de DEUS, único e com direito a julgar.

Pois sou a outra face atrás de uma máscara no chão. Sou o príncipe que dança de saias, pois na verdade sou a princesa que nunca nasceu. Sou aquela que é apontada na rua e chamada de aberração, e que responde “Aberração essa que tem uma coragem que você nunca será capaz de ter”. Antes de me criticar, dance a música ao meu som, e verá que essa dança não é agradável o suficiente para receber mais pesos. Mas acima de tudo, pense na sua vida, olhe o que te circunda e perceba que a imperfeição que você aponta em mim, faz quase parte de seu DNA e dos que o cercam.

Agora bato no peito que você abomina e posso dizer. 

“SOU QUEM SONHEI SER”, “REALIZEI O QUE DESEJEI REALIZAR”, “SOU BOM CARÁTER E SOU FELIZ”, e “ME CHAMO THALIA KAMINSCH E SOU UMA TRANS SIM”

 e você quem é?

vamos refletir sobre isso, sobre quem somos, ou quem queremos ser??? 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Matéria sobre casal gay gera onda de homofobia

Primeiros militares a assumirem publicamente uma relação homoafetiva, Fernando e Laci são brindados com centenas de comentários agressivos após anunciarem decisão de deixar o país




Fernando e Laci 
Na quarta-feira (11) o Congresso em Focoinformou que o ex-sargento do Exército Fernando Alcântara e Laci Marinho, que ainda ocupa igual posto, decidiram deixar o país. O motivo são as constantes ameaças que dizem sofrer desde que assumiram publicamente sua relação homossexual.

Polêmico, o assunto, como seria de se esperar, gerou grande debate no campo de comentários na página da reportagem. Foram mais de 800 manifestações até ontem à noite (quinta, 12). Impressionante foi a agressividade contra o casal, que deu o tom da maioria dos comentários e incluiu, além de agressões verbais, incitações a violência física.

“Esses comentários nada mais são do que a prova do que estamos tentando dizer. Somos agredidos pela nossa opção sexual”, comenta Fernando, que diz entender a reação e até achá-la normal na internet. “As pessoas são livres para expressarem o que quiserem, mas ao mesmo tempo é preocupante. Os direitos humanos estão sendo desrespeitados no país e nada está sendo feito de fato contra isso”, afirma.

Ser homofóbico virou normal

Para a secretária-geral da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Irina Bacci, o que está havendo é um processo de legitimação de preconceitos pela sociedade brasileira. “Discursos contra as minorias têm se generalizado cada vez mais. As pessoas não se sentem constrangidas em falar o que pensam contra outras pessoas e ninguém é punido por incitar esses ódios. Tudo isso faz com que seja normal ser homofóbico”, diz.

Apesar dos comentários, Irina acredita que a internet precisa ser mantida como uma zona livre para que cada cidadão expresse suas opiniões. “A rede facilita inclusive que muitos homossexuais que precisam e buscam ajuda consigam encoontrá-la. Mas, por outro lado, o anonimato só facilita que esse cenário de preconceitos seja cristalizado”, diz. Para ela, a rede é um espelho da sociedade que expõe e dispersa os preconceitos reais. “A internet só revela a podridão da sociedade, que está de fato doente”, diz.

Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) afirmou que agressões físicas e verbais contra a comunidade LGBT são entendidas como crimes que devem ser apurados e punidos. No entanto, ainda não existem leis que condenem quem pratica atos de homofobia.

Para a presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), a tipificação da homofobia como crime é o próximo passo que o país tem que dar no sentido de coibir práticas de agressão contra grupos homossexuais. “A mesma intolerância que gera comentários absurdos e impregnados de preconceito contra o casal, gera conflitos religiosos, violência contra a mulher, o negro, o índio, o pobre, o diferente. Muitos comentários são feitos porque as pessoas acreditam na impunidade e no suposto anonimato da internet. Enquanto não tipificarmos a homofobia como crime, isso continuará acontecendo não apenas na internet, mas nas ruas, nas escolas, no ambiente de trabalho”, opina a deputada.

No ano passado, a SDH realizou uma campanha nacional contra a homofobia, denominada “Faça do Brasil um território livre de homofobia”. Firmou-se ainda parceria entre o Ministério da Justiça e secretarias estaduais de segurança pública para enfrentar conjuntamente o problema, incentivando inclusive a criação de unidades de polícia especializadas em crimes de ódio. Irina, porém, acredita que se tais ações pontuais não forem acompanhadas de políticas públicas efetivas, de nada servirão. “Precisamos de um marco legal, pois sem uma lei essas ações ficam como uma voz solitária no deserto”.

Religião e governo

No ano passado, o governo Dilma Rousseff vetou a distribuição de materiais do projeto Escola sem Homofobia, em que kits com cartilhas e vídeos para combater o bullying homofóbico seriam distribuídos em escolas da rede pública. O veto foi atribuído a pressões feitas pela bancada evangélica da Câmara dos Deputados. Na época, o grupo composto por 74 parlamentares ameaçou obstruir a pauta do Congresso, além de pressionar pela convocação do ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para prestar esclarecimentos sobre sua evolução patrimonial, motivo que o levou a ser demitido da pasta.

“Esse caso do kit é um dos que exemplificam a aproximação do governo com pautas de cunho religioso. O poder público está fazendo concessões a esses grupos e assim, acaba paralisado e não enfrenta esses casos”, acredita Irina.

Para o ex-sargento Fernando, a aproximação do Estado com grupos conservadores e fundamentalistas leva o poder público a ser condescendente com os casos de homofobia: “Aceitando a pressão desses que se dizem líderes, o governo acaba ficando sem ter como agir efetivamente”. Ele acrescenta que a falta de respostas do governo os fez procurar ajuda internacional. “Não confiamos mais no Estado brasileiro e não podemos contar com os órgãos brasileiros. Precisamos apelar para outros países, para não corrermos riscos aqui”, diz.

Para Irina, a percepção de Fernando está correta. “O fato de não tomar uma atitude, de não haver um pronunciamento da presidenta, por exemplo, legitima o preconceito. Essa pauta conservadora e religiosa acaba parecendo um projeto político de poder.”

Para os defensores das causas LGBT, a grande quantidade de igrejas com canais de televisão e rádios, além de outros meios de comunicação, contribui para a disseminação de discursos contrários às minorias. “Em parte, acredito que essas manifestações são fruto, também, de um discurso de representantes do Congresso que falam abertamente contra os direitos humanos, e principalmente, contra os homossexuais. Essas pessoas que se dizem líderes acabam influenciando a sociedade. Sempre que se fazem declarações preconceituosas, incitam o ódio e a violência contra nós”, argumenta Fernando.

A consequência disso, segundo Irina, é a falta de um debate amplo sobre o assunto. “Uma mentira repetida mil vezes acaba virando uma verdade. Por isso, essas falas generalizadas impedem uma mudança de cultura em prol da diversidade e do respeito aos direitos humanos”, diz.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Em 2011 homossexuais morreram fora da Novela... será justo isso seguir em 2012???

Vídeo trazendo as noticias mais marcantes do Brasil em 2011, demonstrando o total descaso com as inúmeras mortes que vem ocorrendo ano após ano contra a comunidade LGBTT, estamos em pleno desenvolvimento social, cultural e financeiro, adentramos a posição da 6 potencia financeira mundial e permanecemos estagnados no preconceito racial, sexual e de gênero estratificando com isso a nossa total imaturidade e preocupação com nossos entes queridos. De quê adianta o mundo lá fora nos ver como bem sucedidos se aqui dentro ainda nos encontramos miseráveis e desprotegidos... convocamos a todos diariamente a voltar nosso olhar para o outro não como um outro desconhecido e desnecessário, mas para um outro que é tão igual a nós em direitos e deveres, vamos parar de exigir deveres, e deveres sem ao menos subsidiar os direitos fundamentais de proteção a todos. Brasil, um país de todos!!! Mas quem são esses todos??? são todos os brancos, ricos e heterossexuais??? e os outros mais de 60% da população composta por negros, pobres e homossexuais, não fazem parte desse país??? assista o vídeo e reflita sobre essas verdades sociais...


Lins Roballo
Assistente Social
Vice-presidente da ONG



Nota da Comissão de Direitos Humanos e Grupo de Trabalho "Gênero e Sexualidade" da ABA


A Associação Brasileira de Antropologia (ABA) manifesta sua profunda tristeza pelo brutal assassinato do colega Cleides Antônio Amorim, professor da Universidade Federal do Tocantins, ocorrido na cidade de Tocantinópolis (TO) na madrugada do último dia 05 de janeiro. Infelizmente, esse é apenas mais um dos casos de violência cotidianamente perpetrada há décadas contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros no Brasil. Contudo, nos últimos meses manifestações de ódio e terrorismo sexual têm sido crescentemente noticiadas, em variados contextos sociais e em todas as regiões do país, o que leva à necessidade de um fortalecimento das atividades de cidadãos, organizações da sociedade civil e Estado contrárias a todas as formas de estigmatização, preconceito e violência relacionadas às expressões de gênero e orientação sexual em nosso país.

É preciso que o Estado implemente efetivamente as ações propostas nos planos nacionais de políticas públicas para a população LGBT, como é o caso do kit contra a homofobia nas escolas, que deveria ter sido implantado no Ensino Médio em 2011. É crucial desenvolver e distribuir ferramentas analíticas a fim de contestar os discursos daqueles e daquelas que, reivindicando de maneira absolutamente contraditória uma suposta liberdade para a expressão pública de preconceitos nefastos, nada mais fazem do que tentar impedir que o debate público em torno do gênero e da sexualidade seja realizado de maneira minimamente coerente em nosso país. Essas medidas e a firme ação do governo para punir os culpados são necessárias para evitar crimes como o assassinato de nosso colega.

Comissão de Direitos Humanos e Grupo de Trabalho "Gênero e Sexualidade" da Associação Brasileira de Antropologia


Associação Brasileira de Antropologia
Caixa Postal 04491, Brasília-DF, CEP: 70904-970
Tel/Fax: (61) 3307-3754 – E-mail: aba@abant.org.br – Site: www.abant.org.br

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Por um 2012 ainda mais colorido

Por Nanni Rios*



Se eu tivesse que escolher uma palavra para definir o lado gay de 2011, esta palavra seria VISIBILIDADE. E encho o peito para listar os motivos.

2011 foi o ano em que a necessidade óbvia da legalização do Casamento Gay chegou ao Supremo Tribunal Federal, que é a mais alta instância do Poder Judiciário no Brasil. Ou seja, se tem alguém que manda de verdade nesse país, são eles. No mundo dos mortais, o sistema judiciário é lento e errante, mas lá no STF o papo é reto. Os ministros não perderam tempo com mimimis religiosos ou moralismos baratos. Tanto que se alguém fizer uma nuvem de tags daquela sessão do dia 5 de maio, as maiores palavras seriam: AMOR e FAMILIA. Simples assim.


Quem teve paciência para acompanhar a interminável votação com placar favorável ao Casamento Gay não teve outra saída senão deixar a emoção tomar conta, se enrolar numa bandeira do arco-íris, estourar um champanhe e sair pela rua brindando com quem encontrasse pelo caminho. Pelo menos foi o que eu fiz :)

Mesmo os que são solteiros convictos, que não sonham em casar e ter filhos, têm muito a comemorar. O debate no STF foi a prova definitiva da nossa VISIBILIDADE. Afinal, o Olimpo do Poder Judiciário não se ocuparia com uma questão se ela de fato não profanasse outras questões (literalmente) sagradas. Quando os ministros disseram SIM, ganhamos o direito de ser felizes para sempre. Diante do crucifixo que orna a parede da sala de reuniões do Supremo, nós tivemos a nossa cidadania plenamente reconhecida. Será que era pedir demais?


Que as palavras sensíveis do ministro Carlos Ayres Britto (foto acima) ecoem no coração dos nossos deputados, pois lá no Congresso, onde os interesses públicos ficam ao rés do chão, as bancadas evangélicas, ambientalistas, ruralistas e dadaístas (!) tiram no palitinho pra decidir quem se trumbica mais. A esperança é Jean Wyllys e sua “corja” de avant-gardes, mas que infelizmente não conseguem ir muito longe sem o apoio dos colegas.

Quem em 2012, o Brasil não seja só verde, anil e amarelo, que o Brasil também seja cor-de-rosa e carvão! Ainda há muito o que fazer, mas já dá pra estourar mais um champanhe para comemorar tudo o que foi feito :)


*Nanni Rios é jornalista, nerd, boêmia, pseudo-cult, taurina-com-ascendente-em-escorpião-e-lua-em-gêmeos e gay. Todas as terças, às 23h, apresenta o Programa Gay na Ipanema FM.

extraído de http://facool.com.br/

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Violência contra homossexuais


A homossexualidade é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.

Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência à existência de mulheres e homens homossexuais. Apesar dessa constatação, ainda hoje esse tipo de comportamento é chamado de antinatural.

Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (ou Deus) criou órgãos sexuais para que os seres humanos procriassem; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).

Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?

Se a homossexualidade fosse apenas perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de espécies de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.

Em virtualmente todas as espécies de pássaros, em alguma fase da vida, ocorrem interações homossexuais que envolvem contato genital, que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.

Comportamento homossexual envolvendo fêmeas e machos foi documentado em pelo menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.

Relacionamento homossexual entre primatas não humanos está fartamente documentado na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no Journal of Animal Behaviour um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.

Masturbação mútua e penetração anal fazem parte do repertório sexual de todos os primatas não humanos já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.

Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas rigorosas.

Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela simples existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por capricho individual. Quer dizer, num belo dia pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas como sou sem vergonha prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.

Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.

A sexualidade não admite opções, simplesmente é. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.

Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países fazem com o racismo.

Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais na vizinhança, que procurem dentro das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal costumam aceitar a alheia com respeito e naturalidade.

Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.

Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser fascistas a ponto de pretender impor sua vontade aos que não pensam como eles.

Afinal, caro leitor, a menos que seus dias sejam atormentados por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu trinta anos?

texto de Drauzio Varella

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Propaganda de absorvente feminino causa polêmica ao mostrar disputa entre mulher e drag queen


Do UOL Notícias, em São Paulo
Uma propaganda do absorvente feminino Libra causou polêmica ao mostrar uma mulher e uma drag queen em um banheiro feminino. O comercial veiculado na TV da Nova Zelândia e Austrália foi acusado de transfóbico e teve grande repercussão nas redes sociais, o que fez a fabricante do produto pedir desculpas pela divulgação da propaganda.
No comercial [assista acima], uma loira e uma drag queen estão lado a lado em um banheiro de uma boate retocando a maquiagem e ajeitando o sutiã de maneira competitiva. No final, a loira tira de sua bolsa uma caixa de absorvente feminino e, então, a drag queen deixa o banheiro com uma expressão de desagrado. O slogan da campanha é "Libra gets girls" ("Libra torna garotas", em tradução livre).
Para Cherise Witehira, presidente de uma associação de transgêneros da Nova Zelândia, a propaganda é "claramente transfóbico", segundo informação do jornal italiano "Corriere della Sera". “A publicidade é ofensiva porque diz claramente que o único modo para ser mulher é ter a menstruação. Além disso, divulga o lugar comum de que um transgênero não é uma pessoa normal", diz.
Sally Goldner, de uma associação de transgêneros da Austrália, também defende que o comercial é uma ofensa não só para as pessoas que ela representa, mas também para "todas as mulheres que não podem ter o ciclo [menstrual]".
Em uma nota divulgada nesta terça-feira (3), a fabricante do absorvente feminino pediu desculpas pela controvérsia. "Nunca foi nossa intensão irritar ou ofender ninguém. Umaa pesquisa independente foi feita e o comercial foi avaliado positivamente durante o período de testes”, diz a nota.
As informações são do do jornal "Corriere della Sera" e do "NZ Newswire"